sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Metas da política de resíduos sólidos podem ser adiadas


Sem vontade política...
e com o caça dólares que é o negócio do lixo...


Metas da política de resíduos sólidos podem ser adiadas
Menos de 10% das prefeituras entregaram planos de gestão do lixo; prefeitos reclamam de falta de recursos e de prazo curto
18 de novembro de 2012 | 2h 04
MATEUS COUTINHO , ESPECIAL PARA O ESTADO - O Estado de S.Paulo
A baixa adesão dos municípios à elaboração dos planos locais de gestão dos resíduos sólidos - que tinha como prazo agosto deste ano - está fazendo o governo cogitar a possibilidade de adiar as metas da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
A lei, sancionada no final de 2010, prevê, entre outras coisas, o fim dos lixões e a instauração da coleta seletiva e da reciclagem em todos os municípios brasileiros até 2014.
"Já há projetos de adiamento do prazo, para que possamos prorrogar as ações dos planos e ajudar os municípios", admitiu o secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Pedro Wilson.
Contrariando o que pede a lei, menos de 10% das cidades entregaram seus planos - o que torna ainda mais difícil que elas cumpram as metas, visto que o governo vincula o repasse de verba à existência do plano.
Aliado a isso, dados da pesquisa Perfil dos Municípios Brasileiros de 2011, divulgada pelo IBGE na terça-feira, mostram que apenas 32,3% das cidades brasileiras possuem alguma iniciativa de coleta seletiva em atividade.
Fracasso. A perspectiva de adiamento dos prazos previstos para 2014 é considerada um fracasso para especialistas e entidades ligadas ao setor.
O diretor executivo da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, (Abrelpe), Carlos Silva, lembra que os lixões são proibidos no País desde 1981. "Está mais que na hora de tornar o tema presente nas agendas municipais. O encaminhamento da lei é plenamente possível, já que ela prevê vários elementos, até de sustentabilidade econômica para os municípios", ressalta.
"Toda dilatação de prazo gera um desconforto. Qual compromisso os municípios vão assumir ao serem agraciados com essa prorrogação?", concorda o vice-presidente da Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública (ABLP), João Gianesi Netto. No ano passado, a entidade criou e distribuiu para mais de mil municípios uma cartilha explicando como os municípios deveriam se planejar para cumprir as metas da PNRS.
Queixas. Os prefeitos reclamam da falta de recursos do governo e de que o prazo estabelecido pela lei foi curto. Levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) mostra que os gastos para construir os aterros em todas as cidades chegariam a R$ 65 bilhões.
Para o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski, as metas ainda estão longe de serem alcançadas. "Somente 10% dos prefeitos devem ter noção da situação dessas metas. A maioria só se dá conta quando assume e aí não sabe o que fazer", diz.
Com a política do governo de renúncia fiscal para estimular a economia, os orçamentos municipais devem sofrer impacto ainda maior: 22,5% do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do Imposto de Renda é destinado ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que transfere recursos para as cidades de acordo com o tamanho da população. Somente neste ano as renúncias reduziram a arrecadação do FPM em R$ 1,8 bilhão.
"É um elemento agravante para os municípios, que já têm pouca capacidade de gestão, planejamento e financiamento", avalia o professor e economia da FGV Gesner de Oliveira.

Catadores de lixo se reúnem em SP


O Estado de S.Paulo – 19.11.12
Dos dias 28 a 30 deste mês, ocorre na ExpoCenter Norte a 3.ª Expocatadores - um evento que pretende reunir 1,5 mil catadores de lixo e autoridades para debater a questão do lixo e a importância desses profissionais no processo de reciclagem dos resíduos sólidos. Doze países da América Latina, Índia e África do Sul terão delegações, com o objetivo de trocar experiências e falar das realidades locais. Calcula-se que 20 mil catadores de lixo morem e trabalhem em São Paulo.



quinta-feira, 6 de setembro de 2012

85% DOS BRASILEIROS EVITARIAM USO DE SACOLAS - SETOR DE LIXO PODE REDUZIR EMISSÕES EM ATÉ 57 MILHÕES DE TONELADAS DE CO2 - MAIOR PARTE DOS ESTADOS E MUNICÍPIOS NÃO TEM PLANO DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS




85% DOS BRASILEIROS EVITARIAM USO DE SACOLAS 
Pesquisa do governo mostra que 48% separam o lixo em casa, mas apenas 496 municípios têm coleta seletiva
LISANDRA PARAGUASSU / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo – 17.08.12
O interesse dos brasileiros por ações que ajudem o meio ambiente existe, mas governos e mesmo ONGs não apenas não aproveitam, como algumas vezes atrapalham. A pesquisa O que o Brasileiro Pensa do Meio Ambiente e do Consumo Sustentável, divulgada ontem pelo Ministério do Meio Ambiente, mostra que 85% dos entrevistados estariam dispostos a evitar o uso de sacolas plásticas. No entanto, apenas 19 cidades do País investiram na abolição desse material.
Entre os 2,2 mil entrevistados, 48% fazem hoje a separação do lixo em casa, mas apenas 496 dos 5.564 municípios brasileiros têm coleta seletiva. "Não há harmonia entre a disposição da população e as políticas públicas. Essa disposição precisa ser melhor aproveitada, pelo poder público e pelas ONGs", analisa Samyra Crespo, secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do ministério e coordenadora da pesquisa.
Essa boa vontade nem sempre se traduz em atitudes realmente sustentáveis. Apesar de garantirem que adeririam a uma campanha para evitar as sacolas plásticas, apenas um terço dos entrevistados leva sua própria sacola ou carrinho ao supermercado e 31% dizem evitar o uso das sacolas de alguma forma - com caixotes de papelão, por exemplo.
O tema em muitos casos acaba na Justiça. Além das 19 cidades que conseguiram abolir as sacolas plásticas com campanhas, três capitais criaram leis locais que terminaram na Justiça, como em São Paulo. Em Belo Horizonte e Vitória, quando a legislação foi suspensa na Justiça, as prefeituras optaram por intensificar as campanhas. "Houve um avanço muito grande nessas capitais", afirma Samyra. A secretária explica que, ao contrário da reciclagem, o fim das sacolas plásticas não integra a legislação dos resíduos sólidos e as únicas leis, quase sempre contestadas, são mesmo as estaduais. Apesar da posição totalmente contrária do ministério, há uma questão cultural e econômica: o brasileiro usa as sacolinhas para colocar o lixo.
Já a reciclagem faz parte da lei nacional e até 2014 todos os municípios brasileiros terão de implementá-la - hoje são menos de 10%, apesar do interesse das pessoas em pelos menos fazer a separação. De acordo com a secretária do MMA, uma das reclamações dos entrevistados foi a falta de reciclagem nas suas cidades e a impressão de que, apesar do esforço das pessoas, a prefeitura termina por misturar o lixo.
Desinformação. Ainda assim, a pesquisa mostra que falta informação na hora do descarte e boa parte dos entrevistados nem sempre faz o mais correto. Pouco mais de 40% dizem que sempre jogam pilhas e baterias usadas no lixo e 32% fazem o mesmo com remédios vencidos. Ao mesmo tempo, só 16% costumam jogar o óleo usado na pia, uma das práticas mais poluidoras. "Os hábitos de descarte da população ainda são altamente predatórios", afirmou Samyra, explicando que não há como a lei punir o que é feito dentro de casa. "O desafio é informar e convencer as pessoas. Não se pode legislar na vida privada", explicou.
O estudo, que é feito periodicamente desde 1992, mostra que a consciência ambiental dos brasileiros vem aumentando. Na primeira edição, 47% não sabiam dizer ou achavam que não existiam problemas ambientais no País. Este ano, o índice é de 11%. Também aumentou o número de pessoas que conhecem os principais conceitos ligados ao tema, como desenvolvimento sustentável e biodiversidade.


SETOR DE LIXO PODE REDUZIR EMISSÕES EM ATÉ 57 MILHÕES DE TONELADAS DE CO2
Pesquisa realizada pela Associação Real Holandesa de Resíduos Sólidos (NVRD), em parceria com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), apontou que o setor de resíduos sólidos é um dos segmentos que mais pode contribuir para a queda global de emissões de gases do efeito estufa. No Brasil, a redução pode chegar a 57 milhões de toneladas de CO2.
Para tanto, de acordo com o estudo, é preciso que o governo intensifique as ações de reciclagem nos aterros sanitários do país, além de associá-las à implantação de tecnologias que visem à geração de energia a partir do lixo. O investimento renderia ao Brasil uma economia de US$ 1,71 bilhão até 2030.
Apesar de ainda estarem muito abaixo das expectativas dos especialistas, as iniciativas nacionais no setor do lixo já contribuíram para uma redução de 16 milhões de toneladas de CO2 emitidas na atmosfera, entre 1999 e 2007. Na Europa, a redução foi de 37 milhões de toneladas, enquanto na Holanda, mais especificamente, o incentivo nas práticas de reciclagem contribuíram para a diminuição de 2 milhões de toneladas de CO2 por ano. (Fonte: Planeta Sustentável)

MAIOR PARTE DOS ESTADOS E MUNICÍPIOS NÃO TEM PLANO DE GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS
A maior parte dos estados e municípios brasileiros ainda não elaborou seu Plano de Gestão de Resíduos Sólidos, apesar de o prazo para concluir o projeto – que deve indicar como será feito o manejo do lixo em cada localidade – estar próximo do fim. A partir de 2 de agosto, a cidade que não tiver o planejamento fica impedida de solicitar recursos federais para limpeza urbana. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, até o momento houve apenas 47 pedidos de verba para construção dos planos, entre solicitações de administrações municipais e estaduais.
Como não é obrigatório pedir auxílio da União para elaborar os planejamentos, pode haver projetos em curso dos quais o ministério não tenha ciência. Mas a avaliação do órgão é a de que o interesse pela criação dos planos de gestão é baixo, mesmo que se leve em conta estados e municípios atuando por conta própria. “O pessoal tinha outras demandas e foi deixando de lado. Agora o prazo está se esgotando e a maioria não elaborou [o projeto]”, diz Saburo Takahashi, gerente de projetos da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente.
As cidades e unidades da Federação tiveram dois anos para construir seus planos de manejo de resíduos, cuja criação está prevista na Lei n° 12.305/2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos. As consequências do pouco comprometimento com a exigência federal poderão ser sentidas cedo por estados e municípios. “De acordo com a legislação, até 2014 devem ser eliminados todos os lixões do Brasil. Para isso, será preciso implantar aterros sanitários, o que não se faz da noite para o dia. As cidades e estados que não tiverem plano de gestão não vão poder solicitar recursos para fazer isso”, destaca Takahashi.
O represente do ministério reconhece, porém, que a verba disponível para ajudar municípios e unidades da Federação a elaborar os planos é escassa. No ano passado, houve destinação de R$ 42 milhões para essa finalidade, dos quais R$ 36 milhões foram usados. Este ano não foi disponibilizado dinheiro, e o governo federal limitou-se a liberar os R$ 6 milhões que não haviam sido executados em 2011. Saburo Takahashi ressalta, no entanto, que o ministério redigiu um manual de orientação para ajudar prefeitos e governadores na elaboração do plano, disponível no site do órgão (www.mma.gov.br). Além disso, a pasta firmou convênio com a e-Clay, instituição de educação a distância que pode treinar gratuitamente gestores para a criação do plano de manejo. Interessados devem entrar em contato pelo telefone (11) 5084 3079.
A pesquisadora em meio ambiente Elaine Nolasco, professora da Universidade de Brasília (UnB), considera positiva a capacitação a distância, mas acredita que para tornar a gestão de resíduos uma realidade é preciso mais divulgação desse instrumento, além da conscientização sobre a importância do manejo do lixo. “Tem que haver propaganda, um incentivo para as pessoas fazerem isso [o curso]”, opina. Elaine acredita que a dificuldade para introdução de políticas de manejo – como reciclagem e criação de aterros sanitários – atinge sobretudo os municípios pequenos, com até 20 mil habitantes. “Faltam recursos e contingente técnico nas pequenas prefeituras”, destaca.
O vice-presidente da Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública (ABLP), João Zianesi Netto, também avalia que faltou capacitação e conscientização. “Alguns [Não criaram o plano] por ignorância, outros por desconhecimento técnico. Em muitos municípios de pequeno e médio porte, a destinação dos resíduos é gerenciada por pessoas que não têm a formação adequada. Além disso, há uma preocupação de que quando você começa a melhorar a questão ambiental você aumenta os custos”, afirma.
O presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziluldoski, reclama da falta de auxílio financeiro para que as prefeituras cumpram as determinações da Lei n°12.305. Segundo ele, são necessários R$ 70 bilhões para transformar todos os lixões em aterro sanitário, até 2014. “Isso equivale à arrecadação conjunta de todos os municípios do país. Quando acabar o prazo, os prefeitos estarão sujeitos a serem processados pelo Ministério Público por não terem cumprido a lei”, disse. De acordo com ele, a estimativa da CNM é que mais de 50% das cidades brasileiras ainda não elaboraram os planos de gestão de resíduos. (Fonte: Mariana Branco/ Agência Brasil)
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quarta-feira, 25 de julho de 2012

ALERTA VERMELHO - MAQUIAGEM VERDE


  

- O volume da coleta de recicláveis não sai do lugar. Por que?

- Além da ausência de infraestrutura de trabalho (saneamento descentralizado para resíduos sólidos trata da questão), os catadores não tem tido como encaminhar o material coletado, uma vez que as indústrias não compram o material reciclável brasileiro.

As indústrias vem importando a maior parte dos recicláveis a serem utilizados em suas produções porque sai MUITO mais barato do que comprar o reciclado brasileiro.  Assim, somente uma intervenção do governo - vontade política- colocaria a engrenagem a funcionar. Não é com doces palavras nem com conscientização que as indústrias cumprirão seu papel para fechar o ciclo da reciclagem de materiais: há de haver pressão sobre elas -  impostos e multas.
Na hora que se mexe no bolso, a consciência aflora. 

O jogo duplo do governo (em todas as três esferas) confunde as pessoas: 

A FACHADA: o governo faz a lei, 
A REAL: mas não viabiliza sua implementação. 

A FACHADA: estabelece prazos, 
A REAL: mas não cria pressão (proteção dos materiais brasileiros no caso das indústrias). 

A FACHADA: governo estimula empresas (que deixam de pagar impostos) a financiar projetos de educação ambiental  (excelente material para fazer marketing sem realizar um trabalho efetivo)
A REAL: esses projetos atingem uma ínfima parcela da população e a educação ambiental não acontece em grande escala (do ensino fundamental ao superior).


A REAL- A EDUCAÇÃO FORMAL nas escolas (do ensino fundamental ao nível superior) tem total condição de abraçar a questão, tendo a educação ambiental incluída na grade curricular e na prática sem depender da vontade de uma ou outra empresa de financiar projetos.

A REAL: ONGs acabam fazendo o trabalho de marketing enganoso para um trabalho que não é prioritário e nem de interesse real para o governo ou empresas. 

A REAL: As empresas do  lixo estão ganhando mais do nunca comprando cada vez mais toneladas de lixo IMPORTADO; participando da sórdida cadeia de financiamento de campanhas para eleger políticos que viabilizem seus negócios e lucros. ( vide caso da DELTA no escândalo do Cachoeira)

Reciclagem é política pública.




MAIS UMA LEI QUE NÃO PEGOU?


Washington Novaes – 13.07.12

Teremos mais uma "lei que não pegou", a que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (12.305/10)? Aprovada pelo Congresso Nacional, a lei deu prazo até o próximo dia 2 de agosto para que todos os 5.565 municípios apresentem ao governo federal planos e ações para essa área, consolidados em cada um no Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, sem o qual não poderão receber transferências voluntárias de recursos da União. Quantos municípios o terão apresentado? Certamente, uma minoria ínfima. Porque os planos deverão determinar o fim dos "lixões" (que são mais de 2.900 em 2.810 municípios), a logística reversa (para recolhimento de embalagens pelos geradores), planos de coleta seletiva em todos os municípios (só 18% deles os têm para pequenas partes do lixo, menos de 1,5% vai para usinas públicas; a Holanda recicla 80%), possíveis consórcios intermunicipais. Isso quando se afirma que o País gera por dia mais de um quilo de lixo domiciliar por pessoa, mais de 200 mil toneladas/dia, mais de 60 milhões de toneladas/ano.
Diz o Ministério do Meio Ambiente que não prorrogará o prazo. Mas, na verdade, a lei começou a não ser cumprida ainda no Congresso, quando o relator do projeto aprovado na Câmara dos Deputados, senador Demóstenes Torres, em combinação com outros senadores, suprimiu do projeto o dispositivo que só permitia incineração do lixo se não houvesse outra possibilidade - reaproveitamento, reciclagem, aterramento - e não o devolveu à Câmara, como manda a legislação; mandou direto para o então presidente Lula, que o sancionou. Ante os protestos de cooperativas de recolhimento e reciclagem, prometeu mudar na regulamentação da lei - mas não o fez. O panorama brasileiro na área é constrangedor. Metade do lixo domiciliar total, que é orgânico, poderia ser compostada e transformada em fertilizantes (para canteiros, jardins, parques, replantio de encostas, etc.), mas é sepultada e apressa o fim dos aterros, assim como centenas de milhares de toneladas anuais de resíduos agroindustriais (aproveitáveis para gerar energia). Uma ideia brutal do desperdício é o recém-fechado Aterro de Gramacho (RJ), onde, ao longo de 34 anos, se formou uma montanha de 70 metros de altura e 1.300 quilômetros quadrados de resíduos, sem coleta de chorume e metano (l8 mil metros cúbicos por hora). Para servir ao Rio de Janeiro e mais quatro municípios.
Com tantos desperdícios as despesas municipais com o lixo vão para as alturas. A cidade de São Paulo, por exemplo, já próxima de 18 mil toneladas diárias, só em varrição gasta R$ 437 milhões anuais para pagar a cinco empresas de limpeza de ruas (Estado, 28/11/2010). Ainda assim, segundo o IBGE, o lixo espalha-se nas ruas onde estão as casas de 4% dos paulistanos, perto de 500 mil pessoas (Folha de S.Paulo, 6/7). E 400 toneladas a cada dia têm ido parar na Represa Billings (Estado, 28/11/2010). O custo de um novo aterro para a cidade foi orçado (26/3/2010) pelas empresas de limpeza em mais de R$ 500 milhões, para receber apenas 2 mil toneladas diárias.
Não é um drama paulistano apenas, é global. O mundo, diz a revista New Scientist (4/8/2010), já produz mais de um quilo de resíduos por pessoa por dia nas cidades, 4 milhões de toneladas diárias, mais de 1 bilhão de toneladas anuais. É um dos componentes da insustentabilidade do consumo global, tão discutida na recente Rio+20. O desperdício na maior cidade norte-americana é de um quarto a um terço dos alimentos, em cujos produção, distribuição e processamento são consumidos 15% da energia total no país (e este, com 5% da população mundial, consome 20% da energia total). Cada família desperdiça US$ 600 por ano com alimentos que nem chega a consumir.
Será inútil esperar que o Ministério do Meio Ambiente possa socorrer os municípios que disserem não ter recursos para cumprir a lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos. Seu orçamento total para este ano (Contas Abertas, 2/7) não passa de R$ 4,1 bilhões, menos de 1% do Orçamento da União, e está contingenciado em R$ 1,1 bilhão. Não tem recursos sequer para suas tarefas básicas, para a fiscalização, para quase nada.
Continuará o desperdício. Já tem sido mencionado neste espaço estudo da Unesp-Sorocaba em Indaiatuba (125 mil habitantes) que mostrou serem reutilizáveis ou recicláveis 91% dos 135 mil quilos diários de resíduos domiciliares levados ao aterro (apressando o seu esgotamento). Experiências em Goiânia e outros lugares já demonstraram que com coleta seletiva adequada, reciclagem (papel, papelão, PVC), revenda de materiais (alumínio e outros metais, vidro, madeira), compostagem de lixo orgânico é possível reduzir a apenas 20% os resíduos encaminhados a aterros (prolongando a sua vida útil).E ainda não se está falando de resíduos de construções (que costumam ter tonelagem maior que a do lixo domiciliar), lixo industrial, resíduos de estabelecimentos de saúde e outros, cujos custos de recolhimento e disposição final costumam correr por conta das prefeituras.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente até já reduziu exigências para implantar aterros que substituam lixões. Mas não parece provável que se tenha evoluído na área. Mesmo porque persiste uma pressão para que os municípios, principalmente os maiores, adotem como caminho - caro e perigoso - a incineração de resíduos, que implica também a necessidade de gerar cada vez mais lixo. Quase todas as grandes empresas da área de coleta de resíduos - que são das maiores financiadoras de campanhas eleitorais no País - têm hoje empresas de incineração. Em ano eleitoral, então, a sedução e a pressão parecem irresistíveis. Mas o caminho ideal seria que cada gerador de resíduos (domiciliar, industrial, da construção, agrícola, etc.) passasse, por lei, a ser responsabilizado pelos custos proporcionais do que gera - como se faz em todos os países que evoluíram nessa área.
* JORNALISTA, E-MAIL: WLRNOVAES@UOL.COM.BR


segunda-feira, 23 de julho de 2012

Revolução dos Baldinhos... revés não impede continuidade do propjeto


Saneamento Descentralizado para Resíduos Sólidos
O sucesso da Revolução dos Baldinhos
E o caso da remoção do composto...revés que não impediu a continuidade do projeto!

O mercúrio das lâmpadas fluorescentes: perigo ambiental que passa quase despercebido



Perigo ambiental nos contêineres de lixo

O mercúrio das lâmpadas fluorescentes: perigo ambiental que passa quase despercebido

Contêiner de lixo domiciliar (orgânico) na rua João Telles, bairro Bom Fim, em Porto Alegre. Foto: Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho
Quase todos reconhecem que a colocação de contêineres para recolhimento automatizado de lixo orgânico em Porto Alegre foi uma grande avanço para a limpeza de nossas ruas. O grande problema que essa ação não foi acompanhada de uma campanha realmente esclarecedora de nossa prefeitura sobre o lixo, os tipos de lixo que devem ser colocados nos contêineres, como separar o lixo reciclável e como descartar os tipos de resíduos que não se enquadram como orgânicos ou recicláveis.
Lâmpadas fluorescentes em um contêiner de lixo orgânico no bairro Bom Fim. Foto: Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho
Em virtude da ignorância da população sobre o descarte do lixo, especialmente os perigosos para o meio ambiente, todo os tipos de lixo estão sendo colocados nos contêineres para lixo orgânico.
De quem é a responsabilidade? Certamente de nossos administradores públicos que preferem gastar verbas públicas em propaganda institucional da própria prefeitura ou festividades que melhoram a visibilidade política da administração que em esclarecer a população sobre os perigos que a maioria não percebe.
No contêiner de lixo orgânico também lixo recicláver e materiais perigosos como lâmpadas fluorescentes. Foto: Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho
O perigo do descarte inadequado das lâmpadas fluorescentes
As lâmpadas que iluminam nossas casas parecem simples e inofensivas. Entretanto, após utilização ou queima, seu descarte inadequado no meio ambiente representa perigo à contaminação por mercúrio, metal altamente tóxico e bioacumulativo nos organismos vivos.
As lâmpadas fluorescentes, especialmente as compactas, são largamente associadas com um comportamento mais verde e mais ecologicamente correto.
A sua grande vantagem é que elas gastam menos energia.
A grande desvantagem dessas lâmpadas – também conhecidas como lâmpadas PL – é que cada uma delas tem mercúrio em seu interior, um metal pesado com pesadíssimos efeitos sobre a saúde humana.
Apesar da quantidade de mercúrio em cada lâmpada individual não ser grande, o risco pode ser maior do que considerado até agora.
Liberação contínua de mercúrio
O problema é que, uma vez quebrada, uma lâmpada fluorescente libera vapor de mercúrio continuamente no ar – durante semanas e até meses.
E o valor total dessa emissão pode exceder os níveis seguros de exposição humana em lugares com pouca ventilação.
A conclusão é de dois pesquisadores da Universidade de Jackson, nos Estados Unidos.
Quando um lâmpada PL se quebra
A quantidade de mercúrio (Hg) que vaza de uma única lâmpada PL quebrada é menor do que o nível permitido pela legislação. Por isso, essas lâmpadas não são consideradas resíduos perigosos quando descartadas.
No entanto, Yadong Li e seu colega Li Jin descobriram que a quantidade total de vapor de mercúrio liberado de uma lâmpada compacta quebrada ao longo do tempo pode ser superior ao valor considerado seguro para a exposição humana.
Como as pessoas podem facilmente inalar o mercúrio em vapor, os autores sugerem a remoção rápida das lâmpadas fluorescentes compactas quebradas e a ventilação adequada do ambiente onde o acidente se deu.
“Este trabalho contém uma análise holística impressionante dos riscos potenciais associados com a liberação de mercúrio das lâmpadas fluorescentes compactas quebradas e aponta para potenciais ameaças à saúde humana, que nem sempre têm sido consideradas,” afirmou Domenico Grasso, da Universidade de Vermont, que não esteve envolvido com a pesquisa.
“O conteúdo de mercúrio nas lâmpadas fluorescentes compactas varia significativamente entre os fabricantes. Para as lâmpadas fluorescentes espirais mais populares, de 13 W, a quantidade total de mercúrio varia de 0,17 a 3,6 mg por lâmpada,” escrevem os cientistas.
Cuidados
Eles argumentam que os testes usados pelas autoridades de saúde não conseguem captar todo o risco potencial das lâmpadas compactas porque elas “liberam vapor de mercúrio continuamente quando se quebram.
A emissão pode durar semanas e até meses, e a quantidade total de mercúrio que pode ser liberado em vapor a partir das lâmpadas fluorescentes compactas mais novas muitas vezes pode exceder 1.0 mg,” afirmam.
“Como o vapor de mercúrio pode ser facilmente inalado pelas pessoas, a remoção rápida das lâmpadas fluorescentes compactas quebradas e a ventilação suficiente dos locais com ar fresco são fundamentais para proteger as pessoas de danos em potencial,” concluem.
O alerta do Ministério do Meio Ambiente britânico

Alerta do Ministério Britânico do Meio Ambiente

Já que nossas Secretarias do Meio Ambiente nada informam sobre os perigos das lâmpadas fluorescentes à população, devemos seguir as instruções do Ministério da Saúde britânico para evitar os graves danos causados pelo mercúrio à sua saúde e principalmente ao meio ambiente:
Lâmpadas de baixa energia, são perigosas quando se quebram! Em caso de quebra acidental todo mundo vai ter que sair da sala/quarto, pelo menos por 30 minutos, devido aos vapores tóxicos do Mercúrio que se espalham pelo ambiente!
As lâmpadas que contêm Mercúrio (venenoso), causam enxaqueca, desorientação, desequilíbrios e diferentes outros problemas de saúde quando seus vapores são inalados.
Em pessoas com alergias, causa problemas de pele e outras doenças graves se for tocado e/ou inalado.
Além disso, o ministério da saúde britânico alertou para não usar aspirador de pó para coletar os restos da lâmpada quebrada , pois a contaminação (por mercúrio) se espalhará em outras regiões da casa quanto você estiver usando o aspirador de pó novamente.
Como recolher/descartar os cacos da lâmpada
1) Se tiver em casa uma máscara descartável (daquelas usadas para proteção do vírus da Gripe H1N1), use-a evitando inalar o vapor do Mercúrio.
2) Use uma luva de borracha para pegar cuidadosamente os cacos da lâmpada quebrada, inclusive o que sobrou dela.
3) Coloque os cacos/sobras da lâmpada sobre um pano/flanela velha (nunca use jornal) embrulhando bem, e coloque (o pano com os cacos) dentro de um saco plástico. Amarre a boca do saco plástico.
4) Descarte o saco plástico (com os resíduos da lâmpada) em local adequado para descarte de baterias de celular ou pilhas comuns (algumas lojas e supermercados tem este serviço).
5) Passe adiante esta informação
Avisos:
O mercúrio é mais venenoso que o chumbo ou arsênico!
Contêineres de lixo orgânico não devem ser usados para o descarte de lixo altamente poluente como lâmpadas fluorescentes, pois o mercúrio contamina nosso solo e nossa água!
Fontes:

terça-feira, 26 de junho de 2012

Vítima do césio-137 será indenizada por danos morais


VÍTIMA DO CÉSIO-137 SERÁ INDENIZADA POR DANOS MORAIS

Em decisão inédita, Justiça condena União e Comissão Nacional de Energia Nuclear a pagar R$ 100 mil à vítima
25 de junho de 2012 | 22h 30
Rubens Santos, especial para O Estado de S.Paulo

GOIÂNIA- A Justiça Federal em Goiás condenou ontem a União e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) a pagar indenização de R$100 mil por danos morais a Suely de Assis da Cunha, uma das vítimas do acidente com o césio-137, material altamente radioativo, em Gioânia.
Na sentença inédita, o juiz da 9.ª Vara Federal Euler de Almeida da Silva Júnior determinou que o dinheiro a ser pago deverá ser atualizado com correção monetária de 1% ao mês, a partir de 5 de fevereiro de 2009, quando a vítima entrou com a ação.
Na sentença, Suely alegou, com apoio de documentos, ter desenvolvido várias patologias após o acidente, "que se agravaram com o tempo". Também comprovou que anomalias também foram constatadas em outros membros da sua família.
O agravamento das doenças, disse ela, resultou em pedido administrativo de pensão alimentícia, que lhe foi concedida em fevereiro de 2009 e referendada por laudo médico da Fundação Leide das Neves. A fundação foi criada pelo governo de Goiás para atendimento das vítimas do acidente radiológico. No total, Cunha pediu uma indenização no valor de R$ 300 mil.
No entendimento do juiz, Suely tem direito à indenização "em função da desestruturação familiar causada pelo acidente com o césio, violações à sua privacidade domiciliar, com animais de estimação sendo abatidos, doenças generalizadas, preconceito e estigma social".
O governo de Goiás, inicialmente também apontado como réu, foi retirado do processo por não ser "sujeito à competência da Justiça Federal".


Em 1987, a América Latina viveu seu primeiro e maior acidente radiológico, quando 20 gramas de césio-137, presentes dentro de um aparelho de radioterapia desativado, caíram nas mãos de dois catadores de sucata de Goiânia. O elemento radioativo despertou a atenção das pessoas por seu brilho azul e logo desencadeou um processo de contaminação.
Um prédio do Instituto Goiano de Radioterapia destruído e abandonado com um aparelho de radioterapia desativado foi a causa deste "Chernobyl do Brasil", que foi classificado como nível 5 na Escala Internacional de Acidentes Nucleares. Um aparelho construído em 1950 para tratar câncer virou uma bomba radioativa,  quando dois catadores de ferro velho, sem conhecimento do perigo, tiraram esse aparelho com quase 20 gramas da substância radioativa, o césio-137.
Assim começou uma reação em cadeia que afetou e destruiu avida de centenas de pessoas. A parte afetada do corpo mais visível foram as mãos, porque com elas foram feitos os primeiros contatos com este elemento altamente radioativo.

 Mãos de césio
A fotografia mostra policiais militares em cordão de isolamento para conter moradores de Goiânia que tentavam impedir o enterro de uma das vítimas do césio-137. (foto: CPDoc JB)
Um dos exemplos mais fortes da segregação sofrida por aqueles que tiveram contato com o Césio 137 foi capturado em uma fotografia que mostra policiais contendo a população goianense, que, com medo da contaminação, tentava impedir o enterro de uma das vítimas na cidade.
Detalhe curioso: uma das soluções que foram cogitadas para o lixo nuclear depois do acidente em Goiânia, que chegou a ser aprovada pelo então presidente José Sarney, era estocar os rejeitos na Serra do Cachimbo, no Pará, em uma área militar próxima à reserva indígena dos Kayapós. 
 

 

terça-feira, 15 de maio de 2012

sexta-feira, 2 de março de 2012

Canadá envia 40 toneladas de lixo para Santa Catarina

Carga foi apreendida na manhã desta sexta no Complexo 

Portuário do  Rio Itajaí-Açu

A alfândega da Receita Federal do Complexo Portuário do Rio Itajaí-Açu apreendeu, na manhã desta sexta, 40 toneladas de lixo que seriam descarregadas em Santa Catarina. A carga, que veio do Canadá, estava em dois contêineres. O material está, agora, no terminal Teporti, em Itajaí, para ser averiguado pela polícia. 

A declaração de importação foi registrada no final de fevereiro, e informava que a carga continha polietileno. A Receita Federal, com outros órgãos competentes, vai devolver a carga ao Canadá. Em menos de seis meses, esta foi a segunda carga de lixo detectada pela alfândega. A primeira, em setembro de 2011, veio da Espanha e foi devolvida.
DIÁRIO CATARINENSE

Subaproveitado, 60% de resíduo reciclável vai para lixão


Só 214 das 15 mil toneladas de lixo produzidas por dia são encaminhadas para reciclagem na capital
O Estado de S.Paulo – 27.02.12
Pelo menos 60% do lixo reciclável separado pelos moradores em suas casas vai parar no lixo comum. Contratadas para fazer a coleta seletiva porta em porta, as duas concessionárias responsáveis pelo serviço, Loga e Ecourbis, afirmam ter dificuldades no descarte. Falta espaço, estrutura e mão de obra para as centrais de triagem receberem o volume recolhido em São Paulo. Há dias em que os caminhões de coleta não deixam a garagem.
O problema se arrasta desde o ano passado, quando as cooperativas conveniadas à Prefeitura passaram a trabalhar no limite da capacidade. Segundo o contrato de concessão vigente até 2024, Loga e Ecourbis devem levar o lixo coletado a uma dessas 21 cooperativas. Muitas delas, no entanto, não contam sequer com esteiras para separar o lixo. A Prefeitura é responsável por entregá-las aos catadores. Oficialmente, só 214 das 15 mil toneladas de lixo produzidas por dia são encaminhadas para a reciclagem e esse porcentual de apenas 1,4% não é todo reutilizado.
Segundo a Loga, o refugo (sobra) das cooperativas chega a 60%. Na conta do desperdício, além da falta de estrutura, há outros dois problemas: materiais malconservados e interesses do mercado. Se o preço do plástico, por exemplo, está em baixa, o produto é descartado.
Também acontece de o caminhão não recolher os sacos deixados pelos moradores. Bairros da zona sul atendidos pela Ecourbis, como Moema e Vila Mariana, são alguns dos que mais sofrem. A empresa assume que deixa de passar quando não encontra espaço nas cooperativas. As centrais de triagem reivindicam esteiras, uniformes e reformas para aumentar a capacidade. Na zona leste, as cooperativas Chico Mendes e a Cooperleste, ambas na região de São Mateus, ainda separam o lixo manualmente. A falta de estrutura atrasa o serviço, afasta funcionários e reduz os lucros.
A Prefeitura informa que investe R$ 1,6 milhão por mês no apoio às cooperativas e, quando identifica irregularidades, multa as empresas de coleta. Segundo a Secretaria Municipal de Serviços, foram 139 multas desde 2010. A administração afirma que apenas 20% do lixo domiciliar é passível de reciclagem - desse total, 8,5% seria separado. A Secretaria diz que estuda modificar a legislação que impõe a entrega do material reciclável apenas às cooperativas conveniadas. O objetivo é criar uma "porta alternativa" para que a coleta não seja desperdiçada. / A.F.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

DIAGNÓSTICO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS AGROSSILVOPASTORIS NO BRASIL

Diagnóstico dos Resíduos Sólidos Agrossilvopastoris no Brasil, Parte 1 – Orgânicos, artigo de Antonio Silvio Hendges
[EcoDebate] O Plano Nacional de Resíduos Sólidos em sua versão preliminar disponível para consultas no site do Ministério do Meio Ambiente (www.mma.gov.br), traz um diagnóstico dos resíduos sólidos orgânicos com origem nas atividades agrossilvopastoris e agroindústrias primárias associadas com estas atividades. Além da quantificação destes resíduos, realizou-se uma estimativa das possibilidades energéticas através do reaproveitamento da biomassa. Os dados são apresentados por áreas: agricultura, pecuária, silvicultura e agroindústrias primárias e foram calculados com base na produção do ano de 2009. As análises relacionadas com a agricultura e a pecuária consideraram as culturas agrícolas e as criações de animais mais representativas para a economia do país. Nas culturas agrícolas permanentes foram avaliados o café em grãos, cacau em amêndoas, banana em cachos, laranja, castanha de caju, coco da Bahia e uva. As culturas agrícolas temporárias selecionadas foram a soja em grãos, milho em grãos, cana de açúcar, arroz em casca, feijão em grãos, trigo em grãos e a mandioca. Na pecuária foram selecionados os bovinos de corte e leite, aves de corte e postura e os suínos. Na silvicultura, considerou-se a produção de madeira em toras e utilizadas na produção de lenha, carvão vegetal celulose e papel.
Em 2009, as agroindústrias associadas à agricultura produziram 290.838.411 toneladas de resíduos orgânicos, com 69% originados no bagaço e torta de filtro da cana de açúcar na Região Sudeste. O potencial energético da biomassa destes resíduos é de 23 GW/ano. Na pecuária, a produção estimada foi de 1.703.773.970 toneladas/ano, com 32% deste total gerado pela pecuária de corte extensiva da Região Centro Oeste. A criação extensiva dificulta a utilização destes resíduos na biodigestão e no aproveitamento energético. As atividades predominantemente confinadas como suinocultura, avicultura e pecuária leiteira produziram em conjunto 365.315.261 toneladas/ano com potencial energético de 1,3 GW/ano. Adicionalmente, as indústrias associadas com estas atividades como laticínios, abatedouros e graxarias geraram resíduos sólidos e líquidos com potencial de 15 MW/ano. Observação importante é que o tamanho e a localização das atividades inviabilizam as soluções individuais, sendo indispensáveis estudos regionalizados e espacialização das atividades para a implantação de sistemas coletivos de biodigestão.
Os resíduos florestais foram considerados em duas etapas da cadeia produtiva: colheita e processamento mecânico, não sendo considerados os resíduos na indústria de transformação. O total foi de 85.574.465 toneladas/ano e os resíduos das indústrias de papel e celulose foram de 10.916.640 toneladas/ano em 2009. Na silvicultura, a geração potencial de energia foi estimada em 1604 MW/ano, mas não está considerado o potencial das indústrias de celulose que utilizam resíduos para a cogeração, por exemplo, o licor negro. Os resíduos de madeira apresentam volumes significativos e envolvem diversos setores como indústria moveleira, construção civil, postes de linhas de transmissão de energia e tem um potencial acentuado de periculosidade por causa das madeiras tratadas com produtos tóxicos como conservantes, vernizes e tintas durante o beneficiamento ou no pós consumo.
Setores
Produtos/fase
Produção
Resíduos
Efluentes
Potencial
Agroindústrias da agricultura
Culturas
Indústria
(t/ano)
Total
(t/ano)
Efluentes
(m³/ano)
Energia
(MW/ano)
Soja
57.345.382
41.862129
-
3.422
Milho
50.745.996
29.432.678
-
2.406
Feijão
3.486.763
1.847.984
-
143
Arroz
12.651.774
2.530.355
-
175
Cana de açúcar (bagaço e torta de filtro)
Cana de açúcar (vinhaça)
671.394.957
201.418.487
604.255.461
16.464
Trigo
5.055.525
3.033.315
-
238
Mandioca
23.786.281
-
-
-
Café
2.440.057
1.220.029
-
97
Cacau
218.487
83.025
-
07
Banana
199.282
99.640
-
-
Laranja
16.944.529
8.825.276
-
-
Coco da Bahia
675.012
405.009
-
39
Castanha de caju
110.253
80.484
-
08
Uva
614.574
-
-
-
Subtotal
845.678.872
290.838.411
604.255.461
22.999
Pecuária
Criações
Cabeças
Dejetos (m³/ano)
Efluentes (m³/ano)
Energia (MW/ano)
Aves (postura e corte)
4.982.512.597
28.025.854
-
137
Bovinos (leite)
22.435.289
316.909.675
-
1.032
Suínos
38.045.454
20.379.732
-
122
Subtotal
5.042.993.340
365.315.261
-
1.291
Agroindústrias da pecuária
Atividades
Animais abatidos/litros de leite
Total de resíduos (t/ano)
Efluentes (m³/ano)
Energia (MW/ano)
Abatedouros de aves
4.773.641.106
-
69.434.780
7,6
Abatedouros de bovinos
12.037.241.550
216.670
19.643.882
2,2
Abatedouros de suínos
30.932.830
49.493
12.373.132
1,4
Graxarias
-
-
6.844.808
0,8
Laticínios
19.497.875
-
13.244.345
2,6
Subtotal
16.861.313.361
266.163
121.540.947
15
Florestal
Etapas
Madeira em toras (m³/ano)
Resíduos (m³/ano)
Efluentes (m³/ano)
Energia
Colheita
122.159.595
34.795.898
-
650
Processamento mecânico
-
50.778.566
-
954
Subtotal
122.159.595
85.574.465
-
1.604
Produção e potencial energético dos resíduos sólidos agrossilvopastoris. Fonte: Plano Nacional de Resíduos Sólidos – Versão preliminar
Os resíduos agrícolas são utilizados em grande parte para alimentação animal e/ou humana, fertilizantes orgânicos e outros usos nas propriedades rurais, reduzindo significativamente o potencial energético, além de apresentarem inviabilidades técnicas no seu aproveitamento como descentralização, equipamentos e transportes. A tendência é a geração de resíduos agrossilvopastoris aumentarem nos próximos anos tornando indispensável o manejo, tratamento e disposição adequados, sendo as atividades agrossilvopastoris dependentes dos recursos naturais. Em algumas regiões, os resíduos de biomassa podem aumentar a participação na matriz energética brasileira.
As sugestões para estes setores é a implantação de planos de gerenciamento dos resíduos agrossilvopastoris, inclusão no Sistema Nacional de Informações de Resíduos Sólidos – SINIR, incentivos ao aproveitamento energético através da combustão ou biodigestão individuais ou consorciadas, criação de fundos de investimento para a implantação de projetos eco eficientes na produção e nas agroindústrias e a elaboração de políticas de manejo florestal.
Antonio Silvio Hendges, articulista do Portal EcoDebate, éProfessor de Biologia e Agente Educacional no RS; assessoria em resíduos sólidos e tecnologias, tendências ambientais e educação ambiental. Email: as.hendges@gmail.com
EcoDebate, 07/02/2012

DIAGNÓSTICO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS AGROSSILVOPASTORIS NO BRASIL, PARTE 2 – INORGÂNICOS, ARTIGO DE ANTONIO SILVIO HENDGES
 [Ecodebate] O Plano Nacional de Resíduos Sólidos – versão preliminar disponível no site do Ministério do Meio Ambiente (www.mma.gov.br) traz um diagnóstico dos resíduos sólidos agrossilvopastoris inorgânicos no Brasil. Foram avaliadas as embalagens de agrotóxicos, fertilizantes, insumos farmacêuticos veterinários utilizados nas criações de bovinos e aves, resíduos sólidos domésticos e o esgotamento sanitário rural. O Brasil é atualmente o país com maior consumo de agrotóxicos com 700 mil toneladas e vendas de sete bilhões de reais por ano. As embalagens de agrotóxicos são consideradas como resíduos perigosos e apresentam riscos elevados de contaminação ambiental dos solos e águas, animais e seres humanos. As Leis 7.802/1989 e 7.974/2000 regulamentada pelo Decreto 4.074/2002 responsabilizam todos os segmentos envolvidos diretamente com a utilização dos agrotóxicos: fabricantes, revendas, usuários e poderes públicos devem destinar adequadamente estas embalagens.
Em 2002 foi criado pelas indústrias fabricantes de produtos fitossanitários o Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias – INPEV, que coordenou desde sua fundação a retirada de 168 mil toneladas de embalagens de agrotóxicos em todo o país e calcula que em 2010 as embalagens primárias que entram em contato com os produtos foram recicladas em 95%. Embora o Brasil tenha bons instrumentos e uma eficácia acentuada na logística reversa das embalagens de agrotóxicos, há uma disparidade na sustentação econômica: o INPEV tem um investimento no programa de R$ 430 milhões e um retorno de somente 17% dos custos de destinação aos recicladores conveniados.
Em relação às embalagens de fertilizantes não há legislação ou programas que incentivem a destinação correta e as estatísticas sobre este assunto são praticamente inexistentes. As projeções são baseadas no fato de que o Brasil é o quarto consumidor de nutrientes para formulação de fertilizantes com 24,5 milhões de toneladas comercializadas em 2010, principalmente em sacas de 50 kg e big bags de polietileno de 1 e 1,5 toneladas. Com estes dados foi estimada uma produção de 64,2 milhões de embalagens/ano sem nenhuma destinação ambiental adequada. Com as embalagens de medicamentos veterinários também não há nenhuma ação concreta de destinação adequada. A legislação dispõe sobre a fiscalização dos produtos e indústrias, comércio e emprego dos medicamentos veterinários, mas não estabelece regras para o destino das embalagens vazias (Decretos 467/1969; 1662/1995; 5.053/2004). Atualmente existem alguns projetos de leis que pretendem regulamentar a logística reversa das embalagens veterinárias em um sistema similar as dos agrotóxicos.
Existem atualmente 7.222 produtos de uso veterinário autorizados para comercialização, destacando-se as vacinas, antibióticos e parasiticidas com vendas de R$ 3 bilhões. A bovinocultura de corte e leite é responsável por 55% e a avicultura por 15% do mercado veterinário brasileiro. Para a pecuária, estima-se em 26,3 milhões de ampolas/ano de vacinas contra febre aftosa, clostridiose, raiva, brucelose e leptospirose e 7,4 milhões de embalagens/ano de antiparasitários. A avicultura deixa 10 milhões de ampolas/ano de vacinas contras as doenças de Marek, Gumboro, Newcastle e coccidíase em vidros com média de 2000 doses.
Quanto aos resíduos sólidos domésticos nas áreas rurais, constatou-se uma tendência de aumento em sua produção tornando-se semelhante aos resíduos sólidos urbanos. A expansão da eletricidade, a generalização dos hábitos de consumo contemporâneos e o acesso facilitado às cidades tornam as comunidades rurais produtoras de resíduos como plásticos, pneus, pilhas, aparelhos eletroeletrônicos, lâmpadas, embalagens em geral. Como somente 31,6% dos domicílios rurais são atendidos por sistemas de coleta, 70% queimam, enterram, depositam em terrenos baldios que formam lixões rurais, jogam em rios, açudes e igarapés. Se considerarmos uma população de 30 milhões nas áreas rurais e a geração subestimada de 0,1 kg de resíduos sólidos/dia é 1,1 milhões de toneladas/ano. Mas se tomarmos como referência os municípios com até 20 mil habitantes que produzem 0,44 kg de resíduos/dia e considerarmos a tendência de aumento dos resíduos rurais, são 5 milhões de toneladas/ano. Os esgotos sanitários nas áreas rurais brasileiras atingem somente 25% dos seus habitantes de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, tornando a situação bastante precária. Considerando um consumo de 90 litros de água/dia/habitante são produzidos aproximadamente 72 litros de esgoto/dia/habitante, com 2,2 milhões de m³ de esgoto doméstico rural/dia e 800 mil m³/ano de matéria orgânica.
Segmento
Resíduos produzidos/ano
Agrotóxicos
31.266 toneladas de embalagens/ano
Fertilizantes
64,2 milhões de embalagens/ano
Insumos farmacêuticos veterinários
Bovinocultura (55%):
Vacinas: 26,3 milhões de embalagens/ano
Antiparasitários: 7,4 milhões de embalagens/ano
Avicultura (15%):
Vacinas: 10 milhões de embalagens/ano
Resíduos sólidos domésticos rurais
1,1 milhões a 5 milhões de toneladas/ano (50% orgânicos e 50% inorgânicos)
Esgotamento sanitário rural
2,2 milhões de m³/dia;
800 mil m³/ano de matéria orgânica.

Resíduos sólidos inorgânicos produzidos nas atividades agrossilvopastoris. Fonte: Plano Nacional de Resíduos Sólidos – Versão preliminar
Antonio Silvio Hendges, articulista do Portal EcoDebate, é Professor de Biologia; assessoria em resíduos sólidos e tecnologias, tendências ambientais e educação ambiental. Email: as.hendges@gmail.com